Pois eu odeio o divórcio e também odeio aquele que se veste de violência, diz o SENHOR Deus de Israel. Portanto, cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos, e não sejais infiéis. (Ml 2:16 – AS21)
A ideia de que casamentos não duram para sempre, já é aceita por grande parte da população atual, com muita naturalidade. Tanto é verdade que só no Brasil, entre o ano de 1984 e o ano de 2007 o número de divórcios aumentou cerca de 200%, segundo os dados do IBGE. Lamentavelmente, para cada quatro casamentos, foi registrada uma dissolução [Fonte: http://g1.globo.com 20/01/2010]. A instituição divina, chamada família, está em perigo! O que será que Deus pensa disso? Como ele encara o divórcio? A resposta está nas páginas das Sagradas Escrituras. O livro do profeta Malaquias, em especial, traz uma palavra esclarecedora de Deus sobre este assunto.
Uma das marcas dos israelitas da época de Malaquias era a indiferença. Eles haviam perdido o vigor da geração dos seus avós. Adoravam de forma mecânica. O culto agradava os homens, mas não agradava a Deus. “Por conseguinte, os alicerces do lar começaram a ruir. O divórcio estava se tornando cada vez mais comum entre o povo da aliança” [PAPE, Dionísio. Justiça e esperança para hoje: A mensagem dos profetas menores. São Paulo: ABU, 1982 pág. 128]. Daí a declaração mais explícita de Deus com relação ao divórcio (Ml 2:16).
1. Eu odeio o divórcio: Malaquias é enfático ao revelar a posição de Deus sobre o divórcio. Ele foi direto. Sem rodeio algum disse: Pois o Senhor, o Deus de Israel, diz que odeia o divórcio (Ml 2:16a BV). O verbo “odiar” - no hebraico sane’ -, exprime uma atitude emocional diante de pessoas e coisas que são combatidas, detestadas, desprezadas e com as quais não se deseja ter nenhum contato ou relacionamento [HARRIS, R. L. (org.) Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998 pág. 1484]. Deus odeia o divórcio de verdade! Divórcio é rompimento, é separação. O divórcio é como um facão que destrói o que Deus uniu. É a apostasia do amor. Deus o odeia tanto, porque criou o casamento para ser uma união indissolúvel! Em seus dias, o profeta Malaquias assistia um desmoronamento do lar em Israel, com a deterioração dos casamentos. Muitos homens judeus estavam divorciando-se de suas mulheres judias, e casando-se com mulheres pagãs: filha de um deus estrangeiro (Ml 2:11). Uma voz de alerta precisava ser levantada urgentemente. Isto aconteceu. O Senhor, através de Malaquias, condenou estes divórcios detestáveis, e estes novos casamentos corruptos no meio do seu povo. Condenou com veemência, afinal, quando um homem e uma mulher se casam, ele próprio é testemunha (Ml 2:14). Que ninguém se faça de desentendido diante desse sério alerta: Deus odeia o divórcio!
2. Eu odeio... aquele que se veste de violência: Na versão Almeida Revista e Atualizada, esse mesmo texto, diz que Deus odeia aquele que cobre de violência as suas vestes (Ml 2:16b). Qual a razão de Malaquias falar de “vestes” e de “violência”? A razão é cultural. No Brasil, por exemplo, quando um rapaz pede uma moça em casamento, geralmente, ele coloca um anel de noivado em seu dedo. Todavia, no antigo Israel, o homem colocava uma ponta de sua veste sobre a mulher (cf. Rt 3:9; Ez 16:8) [WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento. Santo André: Geográfica, 2006, Vol. 4 pág. 597]. Amparado por esse contexto cultural, o que Malaquias está dizendo é que o homem que se divorciava de sua esposa cobria ou vestia de violência a veste que simbolizara o amor. O divórcio é comparado a um ato de violência! Nessa época, um fator deixava esse ato mais grave e cruel. Geralmente, os israelitas se casavam ainda jovens, com suas esposas judias, a esposa da sua mocidade (Ml 2:15). Mais tarde, quando elas envelheciam e já não eram tão interessantes, se apaixonavam pelas jovens estrangeiras. Legalmente, os israelitas podiam ficar com as duas - apesar de a poligamia não fazer parte do plano original de Deus, era aceita culturalmente; todavia, por razões econômicas e sociais, na prática, isso se tornava cada vez mais difícil [SCHÖKEL, L. A & DIAZ, J. L. S. Profetas II: Grande Comentário Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1991 pág. 1251]. Então, o que faziam? Trocavam suas mulheres “velhas”, por outras mais “novas” e mais belas [CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento interpretado: versículo por versículo. São Paulo: Candeia, 2000, Vol 5 pág. 3709]. Daí a dura repreensão de Deus: Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim!
3. Portanto, cuidai de vós mesmos: As famílias, e, consequentemente, todo o povo de Israel, corriam riscos. O verbo “cuidai”, neste texto, exprime a atenção cuidadosa que se deve ter com as obrigações de uma aliança, de leis, de estatutos, etc [HARRIS, R. L. (org.) Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998 pág. 2114]. O casamento é uma aliança de amor, feita, diante do próprio Deus (Ml 2:14). Sempre que uma aliança é quebrada, fatalmente, há consequências drásticas para os envolvidos. Cuidai de vós mesmos, era um alerta necessário! Com o crescente número de divórcios e com a realidade de novos casamentos mistos, o povo de Deus caminhava para um precipício, de onde, há pouco tempo haviam saído. O perigo era evidente. Consideremos por exemplo, a expressão “filha de um Deus estrangeiro” (Ml 2:11). Esta era a descrição das mulheres, que os homens israelitas estavam tomando para si como esposas. A situação era grave. A expressão “Filha de”, significa: “ter o mesmo caráter” [BALDWIN, J. G. Ageu, Zacarias e Malaquias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1982 pág. 199]. Ou seja, estas mulheres se pareciam com os seus deuses. Viviam de acordo com princípios pagãos. E, como o casal teria de chegar a um acordo para viver feliz, alguém teria de ceder. Na prática, quase sempre, o padrão menos exigente é o que vence. Neste caso, continuar casando com estas mulheres era colocar o povo em risco. A apostasia já os levara ao cativeiro noutros tempos. Era preciso mesmo, muito cuidado: o Senhor eliminará das tendas de Jacó o homem que fizer isso, seja quem for (Ml 2:12).
4. Não sejais infiéis: Se dermos uma rápida olhada em nossas Bíblias, no trecho de Malaquias (2:10-16), veremos que a palavra “infiel” se repete cinco vezes (cf. vs.10, 11, 14, 15 e 16). Se a sua Bíblia for a Almeida RC, ao invés de “infiel” você encontrará a palavra “desleal”. Se for a Almeida RA, você encontrará três vezes a palavra “desleal” e duas vezes a palavra “infiel”. As duas se encaixam bem aqui. No texto original hebraico, a palavra que aparece em todos estes versículos é a mesma: bagad. Ela tem o sentido de “agir traiçoeiramente” ou “agir enganosamente”. Trata-se de alguém que não honra um acordo [HARRIS, R. L. (org.) Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998 pág. 148]. Era exatamente o que estava acontecendo. Eles estavam traindo ao Senhor e, consequentemente, traindo-se uns aos outros (Ml 2:10). A traição aqui era horizontal e vertical. Eles traíam a Deus e as suas esposas, quando contraiam casamentos com adoradoras de Deus estranho (Ml 2:11). O versículo 14 diz: ...tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança. A palavra “companheira”, neste versículo, é, literalmente, “a que está atada a ti” [COELHO FILHO, I. G. Malaquias: nosso contemporâneo: um estudo contextualizado do livro de Malaquias. 2 ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1994 pág. 51]. Marido e mulher, por ocasião do casamento, eram “atados” um ao outro pelo próprio Deus. Dessa maneira, quando o divórcio ocorria, a esposa e Deus eram traídos! Não havia outra coisa a dizer, senão a dura repreensão: Não sejais infiéis!
O divórcio nunca esteve nos planos de Deus. Mesmo sendo permitido em alguns casos, ele é isso mesmo, “permitido” e não obrigatório. Foi por causa da dureza do coração humano (Mt 19:3-9). Deus continua odiando o divórcio! O perdão ainda continua sendo a melhor saída. Finalmente, alertamos ainda, que não é suficiente censurarmos o ato jurídico do divórcio, mas, as atitudes que o produzem [COELHO FILHO, I. G. Malaquias: nosso contemporâneo: um estudo contextualizado do livro de Malaquias. 2 ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1994 pág. 51]. O divórcio, só é o ato que decreta o fim de uma união que não deu certo. Por isso, com base neste mesmo trecho de Malaquias, veremos no próximo tópico do nosso estudo, algumas atitudes práticas para evitá-lo e fazer o casamento dar certo.
PRATICANDO A PALAVRA DE DEUS
1. Para o casamento dar certo, é necessário haver cooperação entre o casal - Nós já afirmamos anteriormente, que a palavra “companheira”, de Malaquias 2:14, significa “a que está atada a ti”. Este significado é um tanto quanto revelador e esclarecedor. Tente visualizar a imagem de duas pessoas atadas uma a outra... O que aconteceria, se cada uma delas resolvesse andar para um lado? De duas uma: ou a mais forte arrastaria a mais fraca para o seu lado, ou então não sairiam do lugar. Você já deve ter entendido onde quero chegar. Num casamento onde não existe companheirismo, cooperação; as coisas não andam! Afinal, não há como mudar o que foi feito: marido e mulher, por ocasião do casamento, são “atados” um ao outro pelo próprio Deus. Se você quer ver seu casamento dar certo, coopere!
2. Para o casamento dar certo, é indispensável haver vigilância entre o casal - Talvez uma das coisas que mais corroem um casamento, seja a falta de vigilância. Não foi sem razão que, por duas vezes, Deus disse aos esposos infiéis da época de Malaquias: ...tenham cuidado para que nenhum de vocês seja infiel (Ml 2:15,16). A falta de cuidado e vigilância coloca o casal à beira do precipício. Quando o casal não vigia os olhos e os pensamentos, eles podem olhar e cobiçar o cônjuge alheio. Se o casal não vigia as palavras, podem dizer palavras que fazem mal aos outros (Ef 4:29 – NTLH). E assim por diante. Por isso, se não quisermos que o nosso casamento termine da pior maneira: vigiemos! Pequenas atitudes podem trazer grandes transformações.
3. Para o casamento dar certo é imprescindível haver lealdade entre o casal – A lealdade é o oposto da traição. A lealdade é o segredo para manter o casamento saudável. A traição o adoece e mata. A lealdade preserva a aliança feita diante do Senhor. A traição a profana. A lealdade mantém a comunhão do casal com Deus. A traição a desfaz. E, não adianta ao traidor, cobrir o altar do Senhor com lágrimas, choro e gemidos, porque ele não olha mais para as ofertas, nem as aceita da vossa mão com prazer (Ml 2:13). Deus prefere obediência em vez de sacrifícios. O que Deus quer é fidelidade à aliança matrimonial feita diante dele (Ml 2:14)! Se você quer que o seu casamento dê certo, seja leal!
CONCLUSÃO
A pergunta do versículo 14 de Malaquias capítulo 2, exala hipocrisia. Mesmo diante da realidade dos casamentos mistos e dos cruéis divórcios, quando iam ao Senhor orar e não eram respondidos, os judeus tinham a coragem de perguntar: Por quê? Em sua resposta, Deus trouxe sua reveladora e bombástica opinião sobre o assunto, tão comentada neste estudo: Eu odeio o divórcio!
Não despreze esse sério alerta. Não há como amenizá-lo. Por isso, ao invés de perguntas e desculpas, é hora de tomarmos atitudes. Quem sabe Deus não pode usar você para ajudar alguém que está com o casamento por um fio. Ou, quem sabe Deus não pode restaurar o seu casamento! Creia: o Deus que é testemunha entre você e seu cônjuge pode fazer isso.
Que assim seja!
***
Fonte: DEC – Vi no PC@maral
Nenhum comentário:
Postar um comentário