O novo relatório da Tearfund (divulgado no início de novembro) "A corrupção e seus descontentes" avalia o impacto da corrupção sobre as pessoas que vivem na pobreza e destaca como a corrupção e a má gestão pública agrava a pobreza em países em desenvolvimento.
Extensas entrevistas com organizações parceiras da Tearfund e pesquisas realizadas no Peru, Camboja e Zâmbia - incluindo comentários de pessoas mais pobres desses países - destacam a corrupção e a cultura de suborno como causas principais da pobreza e um dos maiores obstáculos para que as pessoas saiam dela.
Erika Izquierdo, coordenadora de Campanha da Rede Miquéias para a América Latina, disse que a corrupção é uma das "maiores ameaças" para que os mais pobres consigam sair da situação de pobreza.
"As igrejas são o centro da sociedade civil, abordando questões de má governança, 'empoderando' os mais pobres e comunidades marginalizadas, para que eles enfrentem os efeitos da corrupção", diz Erika.
"As vozes dos descontentes são muitas e devem ser ouvidas. Eu tenho visto como a corrupção mina serviços públicos, reduz o acesso à justiça e perpetua o abuso das mulheres. A sociedade e a comunidade internacional devem trabalhar juntas para combater a corrupção em todos os níveis".
A Tearfund acredita que a sociedade e a comunidade internacional devem trabalhar juntas para restaurar a confiança e a coesão social que tenham sido interrompidas entre comunidades e instituições locais, como funcionários públicos, magistrados, policiais e profissionais de saúde pública. O relatório diz que essas instituições devem ser fortalecidas para estabelecer a confiança entre os cidadãos e o Estado.
Abi Akinyemi da Tearfund explica: "Investir nas comunidades pobres e ajudá-las a cobrar as autoridades, pode ajudar a prevenir a corrupção e assegurar que todos os recursos sejam mais eficazes na diminuição da pobreza. Precisamos ver maior transparência e responsabilidade em todos os níveis da sociedade, começando com aqueles que tenham sido encarregados de cargos públicos. As comunidades locais devem ter voz na tomada de decisões que podem afetá-las tão intensamente. A corrupção prospera onde há segredos e falta de informação".
O relatório apela para maior investimento em ouvir as pessoas mais pobres e marginalizadas, enquanto concepção de governança e estratégias anti-corrupção - como os programas que levem em conta as experiências reais e as percepções das pessoas que vivem na pobreza. A corrupção é apresentada como uma questão de desenvolvimento, não apenas uma questão econômica ou burocrática, e a luta contra a corrupção deve ser central nos esforços para o cumprimento das Metas do Milênio.
Fonte: Ultimato
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