E se... o mundo tivesse uma só... Fé

image Toda pessoa religiosa sonha em convencer o resto do mundo a acreditar na própria fé e a participar de seus cultos – enfim, em expressar os detalhes da religiosidade do seu jeito. “Se todos tivessem a mesma crença, viveríamos em regime totalitário. A religião dominaria a ciência, que só pesquisaria dentro dos preceitos da fé”, diz o professor de filosofia João Carlos Tavares, da Universidade de Lisboa, Portugal. E como seria essa fé planetária? Para Tavares, ela não teria como ser tão diferente das crenças que existem hoje. “As grandes religiões do mundo seguem dois princípios básicos”, afirma. “A aceitação do infinito, que geralmente se manifesta na crença em um ou mais deuses, e o princípio ético de não fazer aos outros aquilo que você não deseja a si mesmo.” A diferença está nos detalhes – que são muito importantes. Acontece que uma religião absoluta dificilmente duraria muito. Em pouco tempo, aspectos dela começariam a ser interpretados de forma diferente em cada lugar. Surgiriam novos rituais, e logo alguém, bem-intencionado ou não, fundaria uma seita com algum conceito um pouco diferente.

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     Uma só LÍNGUA?

    imageA melhor pista do que aconteceria nessa hipótese está na Bíblia. Depois que o dilúvio matou praticamente toda a humanidade, os descendentes dos sobreviventes criaram a cidade de Babel e construíram uma torre tão alta que deveria tocar os céus. Em resposta, Jeová fez com que todas as pessoas começassem a falar línguas diferentes. A Torre de Babel mostra que o sonho de um idioma unificado, como imaginam os defensores do esperanto, é difícil de sustentar. Se só existisse uma única língua, rapidamente cada região desenvolveria as próprias gírias. “Com o passar de algumas gerações, surgiriam novos dialetos, cada vez mais diferenciados, até que o planeta estaria, de novo, povoado com novos idiomas diferentes uns dos outros”, diz a lingüista Rosauta Maria Galvão, da UFBA. Nesse caso, todos teriam a mesma origem. Seria um processo incontrolável e parecido com o que aconteceu com o latim, que virou o português, o francês e o italiano, entre outras línguas modernas. O idioma original deixaria suas marcas nas línguas que surgiriam, por exemplo, na estrutura das palavras e no modo de formular as frases.

    Uma só ETNIA?

    image Ainda que todos os 6 bilhões de habitantes do planeta fossem da mesma etnia, essa situação não se sustentaria por muito tempo. “Com o passar das gerações, o ambiente favorece determinadas alterações cromossômicas. Elas só não formaram novas espécies humanas por causa da migração, que sempre existiu, em todas as épocas”, explica a geneticista Maria Cátira Bortolini, da UFRGS. Depois de alguns séculos, repetiríamos a nossa origem; começamos como uma grande etnia e fomos nos diversificando. Mas agora esse processo aconteceria com algumas diferenças. Os meios de transporte evoluíram e se democratizaram, o que aumenta a migração e permite que pessoas vindas de lugares diferentes se encontrem e miscigenem muito mais facilmente do que na época em que as diferenças étnicas apareceram. Além disso, o avanço dos produtos que reduzem a ação do meio ambiente sobre nosso organismo reduziria as mudanças relativas à ação do sol ou do frio. Resultado: não seríamos uma única etnia por muito tempo, mas uma pessoa nascida na China não seria tão diferente assim de uma criança africana.

    Uma só MOEDA?

    image A União Européia é o melhor laboratório para projetar um cenário de mundo com um sistema monetário unificado. A implantação do euro, há 7 anos, reforçou as maiores economias e espremeu as menores. A Alemanha cresceu, enquanto Portugal, Espanha e Itália, onde o custo de vida subiu da noite para o dia, estão sofrendo para se adaptar. “O grande drama da moeda única é que as taxas de câmbio desaparecem, e com isso o governo perde o poder de desvalorizar a própria moeda para compensar altas de preço”, explica o economista Paulo Gala, da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. “Sem esse mecanismo, o país precisa equilibrar a economia da forma mais dolorosa, que é provocando recessão e desemprego.” Se a Espanha, que tem um Produto Interno Bruto 2,5 vezes menor do que a Alemanha, já está sofrendo, imagine o estrago que uma moeda única planetária provocaria na Somália, que tem uma economia 2500 vezes menor do que a dos EUA. Um cenário mais interessante seria a diminuição do número de moedas no mundo, com regiões de economias parecidas unificando seu sistema financeiro.

    Adaptado da SuperInteressante

2 comentários:

Unknown disse...

Prezado amigo.

De onde o senhor tirou a idéia que "os defensores do esperanto" sonham com um idioma unificado?
Pelo jeito o senhor é mais um dos quais desconhecem o esperanto e sua utilidade atual e mesmo assim insistem em falar sobre esse util instrumento de comunicação internacional.
Os esperantistas (pessoas que fazem uso do esperanto) não sonham com nada disso (pelo menos a maioria) os esperantistas são pessoas que se interessam por uma cultura universal, muitos usam o esperanto como idioma ponte para aprenderem novas línguas. Fato interessante é que uma pessoa de cultura mediana consegue se comunicar usando o esperanto em menos de 6 (seis) meses de curso.
O esperanto não se modificará (não tão rapidamente como língua nacionais) pois ele é um idioma planejado e existe uma academia que regula suas normas gramaticais, sem contar nas suas obras básicas (Fundamenta Krestomatio) entre outros.
É provável que aí em Vitória da Conquista exista um clube de esperanto, lá com toda certeza o senhor obteria mais resposta sobre essa ponte linguística chamada esperanto.
E só para finalizar, um bom exemplo de o quão importante o esperanto hoje é para o mundo é a Wikipédia, hoje na versão em esperanto é possível acessar mais de 123.425 artigos(http://eo.wikipedia.org), estando à frente de vários idiomas pátrios (naturais).
Sem mais agradeço vossa atenção.

Fraternalmente:
Pietro von Herts Júnior
Pouso Alegre - MG

Unknown disse...

Prezado amigo, o texto não é meu, foi publicado na Revista SuperInteressante n° 238, de abril/2007. Publiquei a matéria com o intuito de informar o que aconteceria se isso acontecesse.
Não foi minha intenção ofender o esperanto que, como assumo abertamente, não tenho conhecimento. Porém, para qualquer maior esclarecimento reclamação procure a redação da revista. Obrigado pela visita e volte sempre, quem sabe até nos esclarecendo sobre esse tema muito interessante mas deconhecido da maiori: o Esperanto.
Fique na paz de Deus.

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