O que Deus viu em mim?

Graça, por definição, é favor imerecido. Algo que recebemos sem o merecermos. Não apenas a salvação de nossa alma é pela graça, como também tudo o que nos é concedido pelo Pai. Dons espirituais, aptidões naturais, oportunidades, relacionamentos, bens materiais, saúde, idéias, sonhos, são todos expressões da multiforme graça de Deus.

Tiago afirma categoricamente: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg.1:17). Eu não tenho que tentar convencê-lO a me abençoar, ou mesmo tentar arrancar d'Ele algo à força. Não tenho que brigar ou argumentar com Deus. Ele está 100% propenso a nos acolher e atender aos anseios mais profundos de nossa alma. Na verdade, antes mesmo de pedirmos, Ele já nos abençoou com toda a sorte de bênçãos nos lugares celestiais (Ef.1:3).

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    Para que haja consciência da graça, temos que antes ter consciência de nosso demérito. A pergunta que deve insistir em nossa mente é: "o que foi que Deus viu em mim?". Chegamos mesmo a pensar: "Deve ter havido um engano! Isso não deve ser pra mim! Deus se confundiu!" Não que duvidemos da eficiência do serviço de entrega dos céus. Duvidamos, sim, é de que haja em nós algum coisa que nos faça merecedores de Sua benévola atenção.

    Quando alcançamos tal consciência, somos invadidos pelo sentimento da gratidão.

    A gratidão é o primeiro efeito produzido pela Graça em nossa vida.

    Se existisse acaso, não haveria gratidão. Mas se o que chegou às minhas mãos veio da fonte da Graça, servindo ao Seu propósito eterno, logo, só me resta reconhecer e agradecer.

    A ingratidão revela quem jamais teve um genuíno encontro com o Deus de toda Graça. Não há como ficar indiferente. A gratidão passa a ser a maior força propulsora da nossa vida. Nossas boas obras deixam de ser moeda de troca, ou tentativa de tornar-nos merecedores, e passam a ser expressões de nossa gratidão a Deus.

    Como a Graça nos leva a refletir sobre nossas ações? Ora, um Deus que me acolhe graciosamente, independente dos meus méritos... o que Ele merece de mim? Assim, todas as nossas atitudes passam a ser recebidas por Deus como "ações de graça".

    Passamos a enxergar a vida de um prisma totalmente diferente daquele que ainda não se conscientizou da graça.

    E com isso, a vida recupera seu sabor original. Experimente assistir a um pôr-do-sol com o coração repleto de gratidão a Deus. Você terá a sensação de as cores do dégradé celestial parecerão mais vivas. Até um prato de arroz com ovo parecerá delicioso.

    Abra um pouco mais o leque. Experimente ouvir uma bela canção, seja cristã ou secular, com seu coração enternecido de gratidão. Dificilmente você não se emocionará.

    Pare de reclamar da vida, da sorte, dos filhos, do cônjuge, do emprego. Troque os óculos ultrapassados da ingratidão pelas lentes de contato da gratidão.

    Você vai aprender o que significa a instrução apostólica “em tudo dai graças” (1 Ts.5:18). Em qualquer situação, ainda que adversa, dê graças!

    Acolha a existência com todas as suas demandas e implicações como uma EUCARISTIA. Esta palavra grega usada em alusão à Ceia do Senhor significa “ação de graça”. Paulo afirma que“tudo o que Deus criou é bom, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graça”(1 Tm.4:4).

    Então, abra a janela de seu quarto, respire fundo, e solte um “obrigado, Senhor!”.

    Aprenda a ser grato àqueles que foram os instrumentos da graça de Deus em sua vida. Seja com provisão material, ou com instrução, ou simplesmente com amizade. Agradeça a Deus até pelas pessoas que te são ingratas. Quem sabe um dia Deus lhes removerá as vendas dos olhos, para que caiam em si e vejam o mal que causa a ingratidão.

    O ingrato é como o sujeito que tem mau hálito. Ele mesmo não percebe. Mas todos ao seu redor, principalmente os mais chegados, sabem que algo não vai bem em seu organismo. Não basta usar mentol, ou uma pastilha de hortelã; tem que cuidar da úlcera que está corroendo seu estômago. Assim também, não basta usar palavras bonitas, convincentes, tem que tratar com a ingratidão crônica que existe no profundo de sua alma.

    Fonte : Hermes Fernandes - Genizah

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