Quando as diferenças já não fazem a menor diferença

Os discípulos estavam preocupados. Motivo? Alguém estava usando o nome de Jesus para fazer milagres. Ao contar a Jesus o que estava acontecendo, imaginaram que Ele daria um basta naquilo, exigindo que se respeitasse os direitos autorais de Sua mensagem. Mas para a surpresa deles, Jesus disse: "Não lhe proibais. Ninguém há que faça milagre em meu nome, e logo a seguir possa falar mal de mim, pois quem não é contra nós, é por nós" (Mc.9:39-40).

Jesus jamais exigiu royalties ou direitos autorais de Suas obras ou mensagem. Ele queria que a mensagem fosse propagada.

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    Paulo também captou o mesmo espírito, e por isso, declarou: "Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia (...) mas que importa? contanto que Cristo, de qualquer modo, seja anunciado, ou por pretexto ou de verdade, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei" (Fp.1:15a,18).

    A mensagem de Cristo não é monopólio de quem quer que seja.

    Quanto às motivações, deixemos que Deus as julgue no momento certo. Por agora, o que importa é que a mensagem seja anunciada.

    Não importa se em uma igreja protestante histórica, ou em uma paróquia católica, ou numa igreja neopentecostal, ou mesmo em um centro espiritualista ou numa mesquita. A verdade é a verdade, não importa por quem está sendo anunciada. E quem ama a verdade a reconhece de cara, ainda que anunciada pelos lábios de um cético. Assim como podemos reconhecer a mentira, mesmo quando dita por aqueles que julgamos estar acima do bem e do mal.

    Diferentes, mas nem tanto

    Em vez de realçarmos o que nos distingue, por que não realçamos o que temos em comum?

    Para isso, temos que descobrir quais as ameaças e os inimigos que temos em comum. Somente assim as diferenças já não farão tanta diferença.

    Por exemplo: em um País muçulmano, não faz diferença se você é evangélico ou católico. Ambos se reconhecem mutuamente como cristãos.

    Numa classe universitária na França, onde a maioria dos alunos se diz atéia, a diferença entre muçulmanos e cristãos perde a importância. O ateísmo é um "inimigo" comum para ambos os grupos, haja visto que são monoteístas.

    E quando somos ameaçados por um inimigo comum à toda a humanidade?

    Se fosse anunciado que um asteróide estava prestes a chocar-se com a Terra, pondo em risco a civilização humana, todas as diferenças religiosas, raciais, étnicas, culturais, perderiam totalmente sua relevância. Ateus, cristãos, espíritas, hindus, budistas, dariam as mãos num esforço coletivo para evitar a tragédia.

    Pode ser que não estejamos ameaçados pela queda de um asteróide, mas certamente há outras ameaças que nos assediam, e que demandam que nos unamos em um esforço comum para enfrentá-las. Entre elas, destacamos a violência urbana, o aquecimento global, as injustiças sociais, e por último, a crise financeira global. Estaremos fadados ao fracasso, caso não nos disponhamos a deixar nossos guetos ideológicos e darmos as mãos.

    Parafraseando Agostinho: "No essencial a unidade, no não essencial a liberdade, em tudo a caridade".

    Vi no Hermes Fernandes

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