Sobre a oração

Muitas pessoas afirmam que não somos mais santos e mais fervorosos porque não oramos tanto quanto deveríamos. Uns chegam a dizer que não vemos mais milagres porque não oramos três vezes ao dia, como Daniel, ou porque não oramos com o mesmo fervor da igreja do primeiro século. Penso que o problema não é simplesmente orar, muito menos como orar, mas o que orar.

É verdade que a correria dos dias atuais e as preocupações impedem que os cristãos reservem um tempo exclusivo do dia para a oração. Mas, a despeito disso, no Brasil, igrejas cristãs permanecem com seus cultos e suas reuniões de oração, até mesmo com maratonas diurnas e noturnas entre os crentes. E o que dizer das campanhas feitas individual e coletivamente? Será que tudo isso não tem efeito?

Por que, apesar de haver muita oração, procuramos, entre nós, santos como Elias, Daniel, Pedro e Paulo e não os encontramos? Na verdade, não seremos uma igreja mais forte se tão somente orarmos mais, mas se orarmos como a Bíblia nos ensina a orar (Mt 6.9-13; Lc 11.1-4; Tg 4.3), se trocarmos nossa oração interesseira por uma busca sincera pelo próprio Deus e a sua vontade, em primeiro lugar; se o conhecermos, antes de tudo, como Pai, não como alguém de quem podemos ou precisamos arrancar algum benefício; se honrarmos o nome santo que ele tem, com a nossa vida.

Todos os homens e as mulheres piedosos da Bíblia foram pessoas de oração, mas esta era uma invocação a Deus. Eles foram santos porque queriam Deus e o buscavam, acima de tudo (Ne 1.5-11; Sl 25, 42, 63, 130). Isso é muito diferente da oração-amuleto, praticada por aí, cuja pretensão é mover Deus, e que, ao invés de promover a separação do modelo do mundo, faz que este se reproduza através dos que foram chamados para ser sal da terra e luz do mundo.

Por Eudoxiana Canto Melo

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