Livrem-se de toda armadura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e misericordiosos uns para com os outros, e perdoem-se uns aos outros, assim como Deus perdoou vocês em Cristo”. (Efésios 4:31-32)
O que é a alma?
A alma é você, sua pessoa, com suas peculiaridades, com suas vivências, com sua história e sua biografia. Nossa alma registra os problemas, traumas, os complexos, as cicatrizes e as tatuagens de todas as nossas experiências. O perdão nos ajuda a resolver essas marcas do passado; é um tipo de cirurgia plástica de nosso psiquismo.
Faculdades da alma
Nossa alma ou vida psicológica tem cinco ingredientes básicos, cinco faculdades fundamentais.
1. EMOÇÕES: é o mundo dos sentimentos, da alegria, da tristeza, do afeto, da sensação da saciedade, de insatisfação, da capacidade de vincular-se ao mundo exterior e ao próximo, As emoções também têm a ver com a intuição, com a sensibilidade e com a percepção fina.
2. MENTE: é o mundo dos pensamentos, do raciocínio, das idéias, da reflexão, da abstração e das fantasias. As articulações das idéias, os conceitos e as definições também fazem parte do mundo intelectivo.
3. VOLIÇÃO: chamo a atenção para o fato de que a volição é um conceito muito mais amplo do que o conceito da vontade. Reduzimos a vontade à idéia de querer, ou não, alguma coisa. A volição passa por ai, mas é muito mais do que isso tem a ver com a impulsividade, com a pertinácia e com a perseverança. A “garra” e a agressividade também têm a ver com a faculdade da volição.
4. CONSCIÊNCIA: é aquela voz que ecoa em nossa mente trazendo noção do certo e do errado, do justo e do injusto, e produz uma crítica aos nossos próprios atos e aos dos outros. É a consciência que desperta as culpas e dispara o alarme dos riscos e perigos. Quando a consciência é boa, ela vai emitir um juízo razoavelmente preciso. Quando distorcida, pode emitir juízos exagerados, com excessiva acusação e rigor. Quando cauterizada ou insensível, não exerce seu papel adequadamente. Finalmente, podemos dizer que a consciência não tem o poder de decisão, não compete a ela a escolha, ela apenas emite um juízo de valor sobre a decisão a ser tomada.
5. LIVRE ARBÍTRIO: o ser humano tem a capacidade de escolher, de optar. Embora a consciência e o livre arbítrio operem praticamente em conjunto, são diferentes um o outro. O poder de decisão e de escolha é competência do livre arbítrio. Ele é a chave que abre a porta do seu coração. Em cada lance da vida, em cada momento, você tem que tomar decisões, escolher, optar e assim vai guiando a sua vida. Deus respeita o nosso livre arbítrio por misericórdia. Ele nos adverte e nos disciplina, mas respeita a nossa decisão.
CAUSAS DA RESISTÊNCIA À LIBERAÇÃO DO PERDÃO
1- Porque pensamos que se perdoarmos, o outro vai manipular a nossa vida.
Pensamos que vamos nos tornar “saco de pancada”, pessoas bobas, passivas e omissas. O principio do perdão não implica em abrir mãos das nossas defesas, da nossa dignidade. Mesmo perdoando podemos e devemos reclamar os nossos direitos, buscar melhorar as nossas condições de vida. A passividade não é sinônima de mansidão, nem a omissão é o mesmo que perdão.
2- Porque pensamos que se escolhemos o caminho do perdão, necessariamente vamos desistir da justiça.
Não precisamos renunciar o senso do certo e o errado com o perdão. Perdoar significa deixar de ser o juiz, reconhecermos que o outro errou, ma também nos darmos conta de que a vingança pertence a Deus (Romanos 12:19).
3-Porque achamos que perdoar significa abrir mão do nosso senso de amor próprio.
O Sermão do Monte nos ensina a dar a outra face, a andar a segunda milha, a amar os nossos inimigos. O perdão está inserido em tudo isso. É o princípio do perdão que nos possibilita viver os valores desse sermão. Todavia, muitos desprezam o perdão por achar que serão manipulados, rotulados de bobos e frágeis. A pessoa que aprende a perdoar não está abrindo mão dos seus mecanismos de defesas, não está fazendo uma opção de ser manipulável ou boba; está descobrindo que usar como mecanismo de defesa e amargura é ser infantil e tola: “você pisou em mim e estou com raiva de você”. Quem acumula ressentimento enrijece, perde a mobilidade, a capacidade de adaptação e a criatividade para buscar possíveis soluções.
4- Porque achamos que perdoar significa não estabelecer limites.
Com muita freqüência confundimos a idéia do perdão com o “passar a mão na cabeça” ou seja, pensamos que se vamos perdoar muitas vezes a pessoa não vai receber o devido “feed back” e, assim, estaremos sendo coniventes com o erro alheio permitindo e até contribuindo para que ela continue errando indefinitivamente. Por exemplo, uma pessoa que transgrediu a lei, sendo presa, pode até arrepender-se dos seus erros diante de Deus, porém ela vai ter que pagar perante a sociedade por eles. Ou um filho que cometa algo sério, passível de disciplina; mesmo que se arrependa, deve receber a correção para seu aprendizado. Nesse caso, não se trata de perdão, e sim de disciplina; mesmo que o perdão seja liberado, o perdão não anula a responsabilidade da pessoa em relação a seus atos.
O CAMINHO DO PERDÃO
Na verdade, o perdão é um milagre. Sem Deus é impossível um perdão pleno. O homem pode perdoar parcialmente, mas o milagre compete a Deus. O que nos compete é passar pela porta estreita, caminhar pelo caminho apertado e perseverar nele. O livre arbítrio é a nossa chave que está dentro de nós e que abre a porta do nosso coração.
O PERDÃO OFERECE
A libertação do poder que as atitudes e as ações dos outros possuem sobre nós.
A possibilidade de liberdade e alívio para a alma.
O encontro da paz que todos nós desejamos.
A certeza de que podemos nos livrar progressivamente da confusão emocional.
O QUE NÃO É PERDÃO?
Aprovar comportamentos negativos e impróprios
Renunciar o senso do certo e errado
Fingir que está tudo bem, quando sabemos que isto não é verdade
Perdoar não é esquecer. As lembranças ficam registradas, mas, se perdoamos, as lembranças já não doem, mas causam mais efeitos danosos.
O QUE É PERDÃO?
1. É uma decisão: uma decisão de ver além. Ver além dos limites da nossa personalidade, ver além dos medos, das idiossincrasias, das neuroses e dos erros.
É uma decisão de atentar para a essência de uma pessoa ou de um comportamento. É uma decisão não-condicionada pela história pessoal.
2. É um estilo de vida: é um modo de vida que gradualmente nos transforma de vítimas indefesas em poderosos co-criadores da nossa realidade. O perdão envolve o compromisso de experimentar cada momento sem a interferência das percepções passadas- vendo cada momento de maneira nova, clara, corajosa e libertadora. Ele é o fim das percepções que obscurecem a nossa capacidade de amar.
O PODER DO PERDÃO
I. O Ressentimento:
O ressentimento ou amargura é o “veneno” que mais tem destruído vidas no mundo em que vivemos. Muitos dos problemas existentes a nossa volta como: desentendimento familiar, falta de unidade e harmonia entre cônjuges, pais e filhos, problemas de solidão, depressão, descontrole emocional, vários casos de enfermidades psicossomáticas e até loucura; podem ser conseqüências diretas da falta de perdão na vida de uma pessoa.
“Ressentimento é sentir novamente, tornar a viver uma ocorrência através das lembranças; magoar-se”.
a) O ressentimento causa:
Separação de amigos e familiares
Problemas psíquicos
Enfermidades
Morte. Suicídio causado por depressão aguda ou desespero proveniente de profunda decepção.
Assassinato. Resultado de ódio e desejo de vingança.
Um estudo apresentado no encontro da Sociedade de Medicina Comportamental, em Tennesse EUA, que aquelas pessoas que guardam mágoas e ressentimentos não liberando o perdão, apresentaram um quadro de aumento de pressão arterial, aumento de batimentos cardíacos e um grande aumento na pressão sangüínea, podendo levar a um enfarto.
b) O ressentimento na Igreja:
1 - Impede a comunhão com Deus e o desenvolvimento de relacionamentos sadios entre irmãos.
2 - Causa divisões entre famílias, membros que acabam se mudando para outras igrejas por não suportarem a presença dos “problemáticos”, como também a própria divisão da igreja. Muitas igrejas, congregações e denominações nasceram de problemas não resolvidos entre irmãos e entre lideranças.
3 - Impede a graça de Deus nas nossas vidas: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hebreus 12:14-15).
II. A importância do perdão:
No final do ano passado (2002), a população brasileira ficou boquiaberta mediante ao chocante crime praticado pela estudante de direito Suzane Von Richthofen que, junto ao seu namorado, elaborou um plano para assassinar os seus pais, que residiam na cidade de São Paulo. Depois que a estudante foi presa pelo crime cometido, a mídia por sua vez, teve acesso a um importante fato que teve um destaque importantíssimo em toda esta história: tratava-se do perdão concedido a Suzane pelo seu irmão mais novo, que declarou com estas palavras à imprensa: “Não só a perdoei, como continuo amando-a como sempre amei”.O perdão de Andréas foi simultaneamente criticado e elogiado.
É um requisito para se ser perdoado: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14-15).
Traz libertação (Salmo 32:1-2). Pessoas que ‘’passam mal’’ ao encontrarem certas pessoas ou lembrar certas experiências negativas do passado. Problemas de enfermidades constantes; úlceras nervosas, etc. Quando perdoamos, liberamos cura ao nosso corpo, à nossa alma e ao nosso espírito. Muitos destes problemas são causados por ressentimentos.
Espírito perdoador: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe” (Lucas 17:4);
“Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”(Efésios 4:32);
“Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito”.(Colossenses 3:13-14).
Se mantivermos um espírito perdoador, não ficaremos abatidos quando feridos ou decepcionados com outras pessoas.
A) Características do perdão:
1 - É um mandamento aos filhos de Deus (Mateus 18:21-22).
2 - É universal.
O modelo é como o Senhor nos perdoa. Abrange todas as pessoas, de todas as raças, línguas e culturas: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”. (Lucas 23:34).
3 - Tem que ser uma atitude constante
Independente da pessoa se arrepender ou não. (Provérbios 10:18; Mateus 18:23 a 35).
O ódio alimentado assemelha-se a uma árvore: quanto mais velha, mais difícil de ser arrancada, porque suas raízes se aprofundam mais e mais.
4 - É uma escolha que fazemos e não uma emoção (Colossenses 3:13)
Uma das razões para a falta de poder nas nossas vidas e igreja é a falta de perdão, pois quebra a comunhão e impede o fluir de Deus (1João 1:7). Uma atmosfera de santidade e pureza manifesta o poder de Deus. Pureza está vinculada a COMUNHÃO que mantemos uns com os outros, o que depende de mantermos um espírito perdoador. (1João 3:15-16)
EXEMPLO:
“Fulano” para mim está morto!!! INDIFERENÇA !!! ((1João 4:20-21; Romanos 12:17-21) ·
B) Como devemos perdoar:
1-Tomar a decisão de perdoar a pessoa (escolher) - (Marcos 11:25-26).
2-Voltar (ou começar) a fazer o bem para o ofensor - (1Pedro 3:8-9).
3-Disciplinar os pensamentos não aceitando pensar negativamente contra a pessoa. (Filipenses 4:8-9).
4-Interceder pela pessoa e abençoá-la em oração. É impossível ter ressentimento contra alguém pelo qual oramos sempre. (Mateus 5:38-48).
C) Perdoar a quem?
AOS PAIS: É Comum que filhos guardem ressentimentos contra seus pais por causa de brutalidades, incompreensões, brigas entre os pais, sentimentos de rejeição, abusos físicos e sexuais, etc.
IRMÃOS, AMIGOS E CÔNJUGES: As maiores decepções e feridas emocionais são causadas pelas pessoas mais íntimas e próximas da gente.
AOS ‘’INIMIGOS’’: (Mateus 5:38-42; 1Pedro 2:21-23).
ÀS AUTORIDADES (Rm 13:1-6)
A SI MESMO: Muitas pessoas sofrem por causa de erros e/ou pecados no passado e não conseguem se perdoar ou aceitar o que aconteceu (Rm 8:33-34).
Por Pr. Osmar Pedro da Silva
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