Farei uma confissão: Ouço programas evangélicos, quando estou no trânsito sou acompanhado por algum pastor neopentecostal. A “memória 2” do som do meu carro é só de rádios evangélicas. Hoje isso soa como confissão de pecado. Esses programas são mal feitos, a maior parte do tempo é utilizado para a oferta com o fim de “permanecer no ar e continuar sendo uma benção”.
Meus amigos não entendem porque eu faço isso, mas todo drogado é assim, ele sabe que faz mal, mas…
Com esse (péssimo) hábito ouço muitas pregações sobre sucesso, testemunhos de vitória financeira (“você pode tudo”) e cura. Mas é cura de dor nas costas, no braço, na unha… Eles não curam síndrome de Down, Alzheimer e nem vão ao GRAAC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer). Por que? O deus que cura dor nas costas não cura câncer? Estranho, no mínimo estranho.
Karl Marx acertou, a religião é mesmo “o ópio do povo”. É isso que o povo quer, algo que anestesie a vida, quando o efeito dessa anestesia acabar (e acaba rápido) aplica-se outra e assim vai. Não se fala em coisas difíceis e derrotas, apenas em vitórias. Curas, curas e curas. Quem oferecer mais ganha mais oferta e fica mais tempo no rádio.
A função da religião não é fazer com que as pessoas se sintam bem. Então o que Deus nos dá? Amor? Sim, Deus nos ama, mas não deseja domesticar animais de estimação, dando alimento e carinho, antes ele deseja maturidade, pessoas livres que respondam a ele com liberdade.
E paz? Sim, Deus nos concede uma paz sem igual, porém não é paz que se dá quando deixamos de falar do que é ruim e doloroso. Há pessoas de todos os tipos ao nosso redor, crianças e pais, jovens e adultos, pessoas que estão sendo cruelmente maltratadas e violentadas, afligidas e desprezadas. Qualquer pregação sobre paz que dá as costas a estas situações é uma tremenda farsa.
Curioso esse fascínio pelas curas, desde os tempos de Jesus isso acontece. Jesus curou, operou milagres e maravilhas, mas quando pregou sobre a vida no reino de Deus ele não disse que os felizes eram os curandeiros nem os curados, quando Jesus falou sobre a vida feliz ele disse:
Felizes são os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os perseguidos (Mt 5). Esses são felizes porque experimentam salvação, esses são felizes porque são sal da terra e luz do mundo.
Ser cristão não tem a ver com cura nem prosperidade, ser cristão é cuidar do próximo, é saber se relacionar com as pessoas vendo nelas a expressão de Deus (Mt 25: 34-45).
Na bíblia quem disse “tudo isso te darei se, prostrado, me adorares” foi Satanás. “Tô” fora.
Autor: Villy Fomin, Via PavaBlog
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