Cuidado, frágil! Olhe atentamente, observe, procure. Na maioria dos crentes você encontrará o aviso alertando para a fragilidade dos mesmos. Nunca viu? Talvez não tenha olhado para a causa, focando apenas os sintomas. Beicinhos, birrinhas, manhazinhas, ciumezinhos, enfim, uma série de sintomas que caracterizam os crentes notadamente melindrosos, sintomas que podem ter a seguinte leitura: Cuidado, frágil!
Lembre do dia em que entrou numa loja de cristais. Lembre dos pais com seus filhos pequenos. As recomendações eram insistentes: Cuidado! Não toque! Não pegue! Cristal é caro! Se cair, quebra! Não chegue perto, cuidado! Quando pequeno, ouvi tudo isso dos meus pais. Agora sou pai, já disse tudo isso para os meus filhos.
Crentes de cristal funcionam exatamente assim. Não se pode tocar, seja com gestos, intenções ou palavras. Por qualquer coisa desistem. A intensidade espiritual dos relacionamentos com toda a carga de verdade, sinceridade, emoção e amadurecimento que se almeja em todo grupo de comunhão, é insuportável para os crentes de cristal, pois diante de uma justa e amorosa exortação eles não crescem, ao contrário, quebram.
Crentes de cristal se sentem intocáveis. Querem ficar expostos na cristaleira, sendo admirados, jamais usados. A lógica dos crentes de cristal diz: Não venha querer corrigir meus filhos, não critique o excesso de vaidade da minha esposa, não censure a altivez do meu marido, somos exemplos, aliás, somos os melhores exemplos, se mexerem com a nossa família esqueçam nossas ofertas, esqueçam da gente, acharemos uma igreja melhor, e ponto.
Que coisa! Tocou, caiu, quebrou. Uma antiga música afirmava: Eu sou como um cristal bonito, que se quebra quando cai. Frágeis todos somos. Mas as políticas do não-me-rele e não-me-toque não se aplicam para os filhos de Deus. O caminho estreito não ilude, é apertado. Os desertos da falta de dinheiro, de saúde, de alegria, de amigos, de horizonte, são desertos pelos quais todos passamos. Caímos, é verdade, mas pela graça dEle não ficamos prostrados. Prateleira adornada por vaidades que nos fazem sentir superiores, não é o nosso lugar. Nosso lugar é lavando pés, distribuindo pão, oferecendo a outra face, caminhando a segunda milha, aguardando com a comunidade dos santos a vinda do Cordeiro.
Na Bíblia, existia uma igreja repleta de crentes de cristal. Se julgavam puros, brilhantes, perfeitos, belos, intocáveis. Jesus, para trazê-los a realidade não economizou nas palavras, com toda ênfase denunciou o que eles pensavam de si mesmos e revelou o que de fato eram: Como dizem: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu. Apocalipse 3.17, nos versículos seguintes Jesus dá um conselho. Meu conselho? Pegue sua Bíblia e saboreie este texto. Seguir o conselho deixado por Cristo terá o poder de transformar cristal em ouro, o metal que resiste as mais duras provas. Que tal? Vamos lá, afinal cristaleira não é o nosso lugar.
Paz!
Por Pr. Edmilson Mendes. VI no Sou da Promessa
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