Tragédia: mais uma!

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Enchentes, deslizamentos de terra, terremotos, furacões, mortos e mais mortos, pais condenados por jogar uma criança pela janela… Tais situações a principio nos deixam estarrecidos, chocados, por que não dizer comovidos. Mas, estamos nos acostumando com elas. Mal ouvimos uma, logo chega outra.  Com maior ou menor intensidade elas nos perseguem.

As tragédias ouvidas ou vividas se tornaram naturais a nós, alguns por incrível que possa parecer chegam a sentir sua falta quando elas demoram a aparecer. Elas se tornaram familiares a nós.

Um dia presenciei o dialogo  entre dois pacientes em um hospital de minha cidade.

- “É a 1ª vez que venho aqui”! Dizia o rapaz puxando conversa.

- “Não se preocupe é a primeira de muitas vezes”. Responde a experiente paciente.

- “Demoraram a encontrar meu nome no sistema”

  - “Ah é porque você é novato, logo você se tornará bastante conhecido aqui. Você vai ver, nunca mais vai faltar vaga pra você! Eu mesmo venho aqui duas vezes por semana, às vezes até três. Já estou acostumada!”

Será que deveríamos enfrentar situações inesperadas com tanta naturalidade?

Será que devemos conviver com as tragédias como se fossem normais?

Todos os dias ouvimos boas e más noticias, embora geralmente a mídia dê mais espaço para as más noticias, pois “vendem” mais. Parece-nos que os seres humanos desenvolveram uma atenção maior às más noticias. Elas ganham sempre as primeiras paginas e as manchetes. Mas se sobrar algum espaço, podemos também ver ainda as  boas noticias nem que seja  lá num cantinho qualquer.

As mas noticias são mais abrangentes do que imaginamos. Podem afetar desde uma pessoa, a uma família, um bairro, uma cidade, um país ou quem sabe o mundo inteiro. Elas abrem espaço para a tristeza, o desânimo, a dependência,  seja química, alcoólica ou psicológica, elas trazem consigo uma expectativa de que algo está , mas ainda pode piorar.

Então, nos acostumamos com o trágico, com os desastres, com as doenças, com os divórcios, com as falências pessoais e relacionais, domesticamos a dor. Estamos parece que aguardando o pior, achamos que estamos sempre preparados, há sempre uma visão ou uma palavra conformista para se expressar na tentativa de amenizar a dor ou a situação vivida. Por isso, já  não nos chocamos mais com a violência, a noticia de que na família estão se matando uns aos outros, já não nos comovemos com os bebes abandonados nas portas ou nos rios, o sangue exposto na mídia, bem como os valores desvalorizados e os princípios infundados que recebemos no horário nobre, não nos incomodam mais. Acostumamo-nos a nos acostumar, aprendemos a desenvolver uma inatitude chamada passividade.

Fonte: FUMAP

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